Boa tarde Finansfera!
Tenho pensando muito nos últimos tempos sobre investimentos fora do Brasil e resolvi trazer pro blog parte dos questionamentos internos sobre os quais tenho refletido e também ler o ponto de vista de vocês... Acredito que todos nós já consumimos diversos conteúdos que apontavam a necessidade de diversificação do nosso patrimônio com foco, além de ativos com características diferentes, mas também em mercados diferentes de forma a blindar ou amenizar os impactos de eventos interno no Brasil na carteira (inclui eleição, má administração pública, eventos climáticos, crise econômica, etc). Esse conceito se fortaleceu muito após a grande desvalorização que o real teve nos últimos anos... mas será que realmente é uma boa para todos os investidores?
Inicialmente, vamos eliminar os casos dos investidores que pretendem se mudar para o exterior futuramente...para estes não há dúvida que é melhor internacionalizar parte do patrimônio de forma a se preparar para a mudança (ir migrando aos poucos os investimentos pra fora). Não é inteligente manter o patrimônio inteiro no Brasil (moeda fraca) com o risco de quando chegar o momento da mudança seu patrimônio não conseguir te sustentar no novo país (especialmente quando o outro país tem histórico de moeda forte). Nesse caso é melhor dolarizar o patrimônio (ou grande parte dele)...
Agora, para a maior parte de nós que temos chance de nos aposentarmos e permanecermos no Brasil...vale a pena investir mesmo no exterior?
Por um lado investir em moedas fortes (dólar, euro, libra, etc) geralmente é mais seguro que investir em moedas fracas (real) e que os mercados em países desenvolvidos é mais consolidado, diverso e sólido que o nosso. Essa maior diversidade permite que invistamos em empresas de diversos setores e também acessemos fundos/ETFs com custos administrativos bem menores que os daqui. Podemos investir em empresas mundiais que possuem uma certa diversificação interna característica de multinacionais : mesmo que haja uma crise no país da empresa, grande parte do lucro dela é distribuído em diversos outros mercados, gerando uma certa blindagem para a empresa. Outro ponto importante é que mercados consolidados são bem mais conservadores em relação a mudanças...as regras são respeitadas e tendem a mudar muito pouco com o tempo, dando segurança jurídica/tributária para os investidores...(o contrário do Brasil onde todos os anos são discutidas alterações das regras tributárias...vida taxação de dividendos e rendimentos de FIIs). Outra vantagem é que o real tende a se desvalorizar com o tempo em relação ao dólar...assim, investir fora tem a tendência a absorver essa valorização da moeda forte em relação ao real. Normalmente a inflação em moeda forte é menor que em moeda fraca...
Triste realidade...O poder de compra do real cai a cada ano, já tendo reduzido 86% de 1994... (https://noticias.r7.com/prisma/o-que-e-que-eu-faco-sophia/inflacao-faz-nota-de-r-100-valer-apenas-r-1343-em-28-anos-do-plano-real-06062022)
Depois de apresentadas as vantagens, seguem algumas desvantagens claras: Por mais que os países tenham uma segurança jurídica/tributária maior, caso hajam alterações nós investidores estrangeiros podemos ser bastante impactados e termos que acessar sistemas jurídicos nos países sede da empresa/mercado...Imagina termos que contratar um advogado nos EUA pra nos ajudar com algum problema? Deve ser um inferno...além de pagar em USD e tendo que acompanhar a distância... Outro ponto considerável está no fato de mercados mais consolidados trabalharem com juros/spreads mais baixos para os investidores...assim ganhamos bem "menos" investindo fora do que no Brasil (para um menor risco, recebemos uma menor lucratividade). Junto com isso temos regras de tributação nos países de origem e também no Brasil que podem dilapidar o já pequeno rendimento recebido em moeda forte (Exemplo: 30 % IR americano sob dividendos pagos para estrangeiros). E mesmo assim, ainda teria que pagar taxas e conversão ruim para real para conseguir receber essa renda no Brasil. Uma forma de fugir disso é acessar os ETFs de acumulação domiciliados na Irlanda (minimiza os impostos de dividendos reinvestindo automaticamente no fundo), mas ainda se mantém o risco de impostos brasileiros por investimentos fora (hoje ainda temos isenção mensal até R$ 35k, mas por quanto tempo será mantido?) e também mudanças nas leis brasileiras para ativos mantidos no exterior (o nosso governo pode inventar algo para tentar lucrar com nossos recursos investidos fora do país).
Todos que acompanham meu blog sabem que atualmente tenho cerca de 20 % do meu patrimônio fora do país, mantido em ETFs de acumulação na Irlanda, ETFs passivos nos EUA e também parte em moeda (reserva de valor). Essa estratégia foi montada pois pretendia me aposentar fora do país (ainda tenho o plano, mas a desvalorização do real o deixa cada vez mais distante) e também não me sinto muito protegido apostando no real... Mantenho essa alocação muito pelo mantra do diversificação em mercados, mas confesso que tenho tido dúvidas sobre se essa é realmente a melhor estratégia. Lógico que se o Brasil se tornar uma Venezuela/Argentina, quem tiver boa parte do patrimônio fora irá se proteger mais. Mas por outro lado, é muito difícil gerar renda com um patrimônio fora do país. Além disso, para conseguir atingir o FIRE precisamos gerar renda suficiente para manter nosso modo de vida já considerando uma fatia de reserva e também uma quantidade de reinvestimentos para manter o poder de compra do patrimônio considerando a inflação. Para conseguir atingir isso com apenas 70-80 % do patrimônio (o restante estando fora do país investido em ativos que não geram renda) aumentaria o caminho FIRE em bons anos...É claro que você pode pensar: "mas VVI é só você ir vendendo os ativos no exterior e ir pegando parte dos valores para gerar renda..." mas eu pessoalmente iria sofrer muito vendendo ativos e tendo que decidir qual ativo vender em cada momento...a chance de vender no fundo algum ativo vai me tirar o sono...isso não serve pra mim...pode servir para outros, mas não tenho esse "sangue frio".
Uma estratégia que vejo cada vez com melhores olhos seria em focar em ativos de renda no Brasil, tendo uma boa parte dos ativos vinculados à inflação brasileira. Uma carteira focada em FIIs, ações de renda e renda fixa indexada à inflação. Com os rendimentos gerados, usar cerca de 60-70 % para subsistência e reinvestir o restante para manter o poder de compra do patrimônio... Essa estratégia me permitiria alcançar o FIRE bem mais rápido, mas deixaria meu patrimônio mais sensível à crises internas. Pensando no pior caso (Brasil entrar em uma espiral econômica), grande parte dos ativos dos FIIs seriam atrelados a tijolo (bens mais perenes), parte das ações de renda ligados em venda de produtos dolarizados (petróleo, minério, agro, etc) e a renda fixa ligada ao IPCA+, tendo a tendência de correção da inflação (por pior que ela seja). Nesse cenário traumático a carteira sofreria, mas como meus gastos seriam também em reais, a tendência é que o rendimento recebido fosse também corrigido e permitiria que eu sobrevivesse nesse período. Temos sorte de vivermos em um país continental que é uma das maiores economias do mundo sem nem se esforçar...mesmo que entrássemos em uma grande crise, nossa capacidade de venda de commodities conseguiria nos manter "de pés"...é a nossa vantagem que por pior que estejamos, sempre podemos sobreviver vendendo petróleo, agro e minério. E se tem um povo que consegue viver no caos, estes somos nós...
Quantidade de Pesos Venezuelanos necessários para comprar um frango - assustador. Reportagem de 2018, mas passa o recado. (https://www.jn.pt/mundo/galerias/venezuela-para-ir-as-compras-e-preciso-levar-um-saco-de-notas-9738661.html)
Essas coisas vem passando pela minha cabeça...lógico que não vou mudar de estratégia rapidamente, mas estou pensando em "travar" os investimentos internacionais e focar os novos aportes em ativos de renda no BR. A tranquilidade de ver a renda subindo a cada mês e independente dos valores das cotas é muito revigorante e incentivador. Confesso que ver o dinheiro sempre pingando na conta e sendo reinvestido me dá uma sensação de alívio e segurança que ajuda a nos manter firmes no caminho FIRE. Não sei... devo manter a estratégia atual pelo menos até o fim do ano pra ver se não estou "agindo na emoção"...qualquer coisa no ano que vem volto a aportar mais forte nos ativos estrangeiros e recupero a proporção da carteira. Lembro de um colega investidor com quem conversei há algum tempo atrás que me disse que se pudesse teria focado em renda antes e com isso economizado alguns cabelos brancos (ele já alcançou o FIRE há algum tempo)...não consigo esquecer esse relato dele...
E vocês companheiros do caminho FIRE? O que tem a dizer sobre o assunto?
Grande abraço!
VVI
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPequena correção:
ResponderExcluirOnde vc escreveu " acessar os ETFs neutros domiciliados na Irlanda", mais preciso seria acessar os ETFs de "acumulação". Neutros são os que seguem o mercado, estes podem pagar/repassar os dividendos recebidos aos cotistas ou "acumulá-los" dentro do fundo. E tbm temos ETFs de fator que podem repassar ou acumular os dividendos.
Não por que é neutro que acumula e vice versa, são tipos de classificações diferentes.
Concordo Neto! Texto já corrigido! Grande abraço!
ExcluirAinda não tenho ativos no exterior. Está sob outra jurisdição com leis, impostos e etc diferentes me afasta ainda. Já tive o IVVB11 e me senti bem tranquilo. Talvez essa simplificação sirva para mim.
ResponderExcluirBoa tarde Sax! É algo que eu também penso, apesar de ter ativos diretamente lá fora. Cada pessoa deve pensar se prefere pagar menos taxas (e ter os ativos diretamente lá fora) ou se prefere pagar um pouco mais e ter os ativos na nossa jurisdição. Isso se optar em ter ativos no exterior. Grande abraço!
Excluirbom dia!
ResponderExcluirNão tenho a pretensão de morar fora pq acho que seria muito caro para nós, brasileiros de classe média. Porém, tenho o objetivo de manter em torno de 10% nos EUA, sobretudo para custear viagens internacionais... Penso que esse percentual não tem o efeito de machucar muito a minha renda passiva no Brasil e, ao mesmo tempo, parte dos meus gastos são/serão no exterior (viagens). Assim, a redução de renda passiva que eu tenho no Brasil, é compensada com a desnecessidade de retirar dinheiro desta carteira quando viajar para fora do país.
Ou seja, a carteira brasileira serve para os gastos no Brasil, a carteira internacional seria para gastos no exterior.
Bom dia Cássio! Já pensei em fazer isso, uma vez que viajava muito pro exterior, mas acabei esbarrando nas dificuldades de investir em RF no exterior do ponto de vista de IR. Um valor voltado para gastos exige que mantemos o dinheiro parado na conta (e com isso vai perdendo o valor pra inflação) ou investir em títulos de RF com liquidez rápida. Uma opção são titulos da dívida americana, mas estás normalmente não pagam nem inflação e outras opções de RF como a nossa poupança existem, mas gerariam grande dor de cabeça de controle para pagamento de IR e declaração no IRPF. Tome cuidado com essas peculiaridades. No final o que eu fiz foi manter essa parte para viagens em dólar papel moeda mesmo (mesmo perdendo pra inflação) e levava para as viagens em dinheiro vivo (hoje já tem as opções de contas com cartões de débito que tem taxas melhores, mas na minha época não tinha). Muito cuidado com a estratégia seguida pra não arrumar dor de cabeça ou perda de dinheiro. Grande abraço!
ExcluirConcordo com tudo oq você disse. Eu ainda não usei efetivamente esse dinheiro. Mas a ideia é manter em ETFs mesmo (RV e RF) e vender sem dó quando chegar a hora de usar (ou usar dividendos, se forem relevantes)... Como é um gasto supérfluo, dá pra ir manejando... não preciso obrigatoriamente sacar esse dinheiro para as contas do dia a dia. Essa falta de urgência minimiza a volatilidade.
ExcluirAté hoje sempre levei dinheiro em papel moeda tambem.
Veja bem... nao estou minimizando as suas considerações. Estou buscando o debate de ideias mesmo.
ExcluirBoa tarde Cássio! Fique tranquilo que não vejo desse jeito. Gosto também do debate de idéias. Só tome cuidado em usar renda variável para objetivos com data definida... normalmente uma situação dessa (verba pra viagem) encaixa melhor com renda fixa, uma vez que quando você for precisar do dinheiro dificilmente o mercado de renda variável vai estar benéfico pra você sacar o dinheiro...corre o risco de ter que sacar na baixa... Grande abraço!
ExcluirMuito interessante esta reflexão. Acho que seus pontos são bem válidos. Quem vive e pretende viver no Brasil creio que uns 20% fora não faz mal a ninguém. 20% não é muito e pode compensar uma possível desvalorização do real ao longo dos anos. É só observar a questão fiscal no Brasil que não vai melhorar e sabemos o que isto acarreta.
ResponderExcluirEu quando saí do Brasil mantive todo meu capital ai, mas não aportei mais nada. Aguentei o tempo das vacas magras da renda fixa e tudo mais. Não me arrependo.
Agora cuidado com esta as vezes falsa sensação de segurança que a renda passiva traz. No Brasil por ainda não termos taxação de dividendos vale a pena mas quem diz que isto será eterno? Governo precisa cada vez mais de dinheiro e de onde tirar cada vez menos. Enfim, meus 10 cents para reflexão. Abcs
Boa noite AA40! Sim, a taxação de dividendos é um fantasma, mas pela proposta da última tentativa de implementá-la não seria muito ruim para nós pois apesar de pagarmos IR de dividendos a empresa teria uma redução de impostos proporcional e com isso aumentaria seu lucro. No final, não teria muita diferença pra nós. O problema era a taxação dos rendimentos dos FIIs...esse sim ia impactar na veia o rendimento. Obrigado por visitar o blog e expor seus pontos!
ExcluirObs: Sou eu aí encima...o Google me deslogou...
ExcluirCada caso é um caso.
ResponderExcluirPra quem está começando a jornada, acho bem importante investir um pouco fora, visto que, considerando os custos pra enviar pra fora, comparando com taxas de ETFs como IVVB11, ou WRLD11 etc, investir diretamente no exterior se torna vantagem depois de alguns anos, alguns falam em 10 anos pra diferença de taxa de administração menor no exterior superar os custos com spreads... então considerando apenas aspecto de custos, o prazo do investimento é a variável mais relevante pra ver o que é vantagem... e aí nem começamos a discutir questões tributárias, legais, risco país, planos de se mudar etc.
Por isso, cada caso é um caso.
Eu já fiz alguns estudos e pra mim parece que faz sentido ter um pouco fora, mas a medida que me aproximar da independência financeira, se continuar morando no Brasil, faz mais sentido um TD IPCA+ com juros semestrais ou FIIs de tijolos. Abs
Sim Bilionário, cada caso é um caso, mas ao meu ver investir no exterior, apesar se trazer uma maior proteção para a carteira, também injessa a lucratividade da mesma, de acordo com a porcentagem dos seus investimentos lá fora...Grande abraço!
ExcluirVVI, muito bons os pontos que você colociu. Eu sou extremamente suspeito pra falar, pois basicamente não acredito mais na instituição chamada Brasil, então pra mim sempre que você puder alocar seus recursos fora daqui eu vou achar que você está fazendo um melhor negócio.
ResponderExcluirEu particularmente não estou, no momento, aportando mais em RV por conta do meu Plano Canadá (e todas as incertezas que ele traz), mas suponto que dê tudo certo e eu consiga minha residência permanente lá (o que, se ocorrer, não virá em menos de 2 ou 3 anos após eu ter ido pra lá), devo migrar até o último centavo do meu patrimônio do Brasil (e eu pretendo centralizar meus investimento nos EUA, mesmo estando no Canadá).
Abraço.
https://engenheirotardio.blogspot.com/
Boa noite ET! Sem dúvida se você mora em outro país acredito que deva ter a maior parte de seu patrimônio em ativos internacionais. O grande desafio é criar um patrimônio que gere renda suficiente para nós garantir no local onde moramos (se mora no Canadá deve gerar renda preferencialmente em dólar canadense ou moeda de simples conversão para este). Eu pessoalmente não acredito no desenvolvimento do Brasil, mas também acredito que nosso país é tão forte em capacidade produtiva (especialmente commodities) que o Brasil também não conseguiria virar uma Argentina ou Venezuela. Boa sorte no plano Canadá. Grande abraço!
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