domingo, 29 de agosto de 2021

Diversificação ou Pulverização da Carteira?

 

Bom dia Finansfera!


Acredito que a maioria dos investidores seguem estratégias que usam como princípio manter uma carteira diversificada com foco em proteção. Existem, mas são poucos, os defensores da concentração em ativos (estratégia lógica para aqueles que conseguem ver o futuro...rsrs). Mas será que estamos realmente diversificando a carteira ou pulverizando ela?

Neste artigo trato a pulverização como uma diversificação exagerada, que acaba por não trazer mais segurança para a carteira, mas tem a capacidade de anular a sua lucratividade dado o efeito psicológico na escolha dos ativos. 

 

 

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 Pensando em uma carteira de ações (ou FIIs) já vi diversas fontes apontando algo entre 15-20 ações/FIIs como um "ponto ótimo" para o número de ativos de forma a manter a lucratividade mas também gerar uma proteção contra as suas quedas. 

Mas e a nossa carteira como um todo? Vamos a um exemplo prático:

- A pessoa 1 tem uma carteira 100 % focada em ações com 4 ações em classes distintas e não diretamente correlatas (elétrica, seguradoras, bancos, commodities, etc). Essa pessoa tem o risco de perder 25 % de toda a carteira caso uma das ações vire pó não é?...É um grande risco a seguir, correto? Acredito que todo mundo concorde que essa pessoa deveria diversificar um pouco mais a carteira.

Mas vamos ver um segundo exemplo...

- A pessoa 2 tem uma carteira 20 % focada em ações com as mesmas 4 ações da pessoa 1. Pela matemática a pessoa 2  tem o risco de perder 5 % de toda a carteira caso uma das ações vire pó não é? Melhorou muito em relação à diversificação... 5 % é um risco tipicamente classificado como saudável pela maior parte dos investidores. 

Notem que as duas pessoas tem o mesmo número de ações, mas a primeira pessoa está muito mais concentrada que a segunda.

Esse exemplo mostra que o que importa em relação a diversificação não é quantos ativos você tem em uma determinada classe de ativos, mas sim pensando na carteira como um todo! Isso é que importa.

Mas por quê estou falando isso que é algo básico e acredito de conhecimento da grande maioria dos investidores?

Pois normalmente esquecemos dessa separação entre diversificação e pulverização para a carteira como um todo. 

Quando criamos uma carteira de ações, mesmo mantendo entre 0-100 % da carteira nesse grupo, normalmente montamos a carteira com aproximadamente 15-20 ativos. Criamos uma carteira de FIIs? Entre 10 - 20 ativos... Renda Fixa? Diversos ativos distintos... E no final querendo diversificar acabamos por pulverizar nossa carteira...

Devemos ter ciência que quanto mais grupos de ativos temos na carteira, menor o número de ativos que deveríamos ter em cada grupo para não diluir demais os ativos unitários (lógico que temos que levar em consideração as diferentes % desejadas de cada ativo). Se não fizermos isso, a cada novo ativo a capacidade de um crescimento elevado de um ativo específico refletir na carteira como um tudo diminui.

Atualmente tenho ativos demais entre ações, ETFs no exterior, LCI/LCAs, CDBs, CRI/CRAs, DEB, Fundos MM, Fundos PGBL... Estou começando a achar que estou pulverizado e não diversificado... Isso acaba complicando o acompanhamento da carteira (mais complexa) e talvez não seja vantajoso do ponto de vista do crescimento total e avaliação de risco. Será que não seria melhor concentrar mais em poucos ativos de cada grupo no caso onde a carteira é muito diversificada?

Será que o ideal não seria definir antes uma porcentagem ideal de participação por ativo unitários? Exemplo:

Fazer uma carteira que cada ativo unitário não correspondesse a mais de 5% da carteira total. Assim, se quero ter uma carteira de 60% em ações, 30 % em FIIs e 10% em RF teríamos como objetivo:

12 ações, 6 FIIs e 2 ativos de RF com 5% de representabilidade cada. E aí com o tempo vai fazendo o rebalanceamento... Nada de números mágicos de números mínimos de ações, FIIs, etc..

Essa regrinha valeria para ativos unitários, não fundos pois por conceito o fundo é um conjunto de ativos...Dessa forma não dá pra considerar uma carteira centralizada uma carteira que tem 100% em um único fundo (normalmente há dezenas, centenas ou milhares de ativos dentro do fundo). Como exemplo temos ETFs como o VT que uma pessoa que tem 100% da carteira nesse fundo tem seu dinheiro não em apenas um ativo, mas  em mais de 8000 (número de ativos dentro do VT).

E você? O que acha dessa análise? Concorda ou Discorda? Algum outro ponto de vista?

Grande Abraço!

VVI

 

11 comentários:

  1. Eu acho 5% muito para concentrar em um ativo específico. Mas isso é mais pessoal do que regra. Se sente confortável perdendo 50mil de uma carteira de um milhão? Eu não me sinto confortável nessa situação.
    Eu por exemplo sou muito averso ao risco, tenho apenas 10 por cento em ações e tenho 15 ações em minha carteira. No total, cada uma não ultrapassa mais de 1% do total (exceto wege3 que disparou e não vendo por nada nesse mundo. rs)

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Boa tarde Marins! Sim, é uma questão muito pessoal mesmo. A questão principal de uma pulverização é que se por um lado você pode perder 5% se ação ir a zero (chance baixa se você fizer uma escolha consciente), por outro lado se a ação crescer muito (como o Exemplo da Weg) você também não verá um crescimento tão alto da sua carteira. Acredito que estudando as ações antes de investir as chances de se escolher ações de crescimento seja maior que ações que virem pó... Mas tudo no final de resume a uma avaliação de risco/retorno.
      Grande abraço!

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  2. Acho que esta tão falada pulverização é só conversa. Se vc pegar um ETF de amplo mercado como um VTI ou mesmo um BRAX11 ou o VT que falou, são altamente "pulverizados" e nem por isso entregam um retorno abaixo do mercado.
    Gostaria de ver estatísticas reais de que a pulverização é danosa e provem retornos abaixo do mercado. Ai discutimos mais a fundo

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  3. Boa noite Anon! Como coloquei no post ETFs estariam fora dessa discussão pois o critério de seleção dos ativos é automático, sem qualquer influencia do psicólogo e gerenciamento ativo da carteira. O perigo da pulverização ao meu ver é dificultar o controle da carteira (tanto para aportes, mudanças quanto rebalanceamentos). A partir de um nível você não tem mais ganhos e apenas inclui risco de perca de controle da carteira.
    Grande abraço!

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  4. Quando se trata de ativos individuais, não coloco limite no meu número de ações ou stocks no exterior. Se atendeu os critérios, vai pra dentro da carteira. Já estou com umas 35 ações e umas 15 stocks e provavelmente esse número vai aumentar bastante ainda (especialmente nas stocks).

    Mas admito que não vejo muito sentido em passar de uns 15 ou 20 ativos nos FIIs, já que eles acabam sendo muito mais correlacionados entre si.

    Sobre ETFs, eu não invisto neles, mas não me parece fazer sentido escolher muitos, ainda mais se forem ETFs com mais de 50 ou 100 ativos cada, já que os ETFs acabam praticamente sempre dando um resultado "médio"

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    1. Bom dia Anon! Sim, muita gente monta carteira dessa forma. Eu pessoalmente não gosto dessa estratégia pois quanto mais ações tiver, mais ações tenho que monitorar, mais relatórios terei que ler e maior a chance de acabar deixando meu psicológico agir ao invés do racional. Especialmente em ativos no exterior onde conheço menos que os nacionais (motivo pelo qual só invisto fora do país através de ETFs). Como você disse, a pulverização se ativos tende a trazer a lucratividade da carteira para a média do mercado, o que não é necessariamente algo ruim... é só estar ok com a lucratividade...
      Grande abraço!

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  5. Pra começo de conversa, stock picking é algo que nenhum investidor amador deveria fazer

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    1. Bom dia Anon! Concordo que pessoas que estão começando a estudar investimentos não deveriam fazer stock picking pelo risco de fazerem besteria, mas mesmo amadores com algum estudo podem montar e manter carteiras boas no longo prazo. Aí vai de cada um ver se tem a disciplina necessária ou se é melhor repassar essa responsabilidade para uma gestão ativa ou ETFs.
      Grande abraço!

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  6. Olá, VVI.

    No meu ponto de vista para quem tem pouco dinheiro, por exemplo, até uns 500k. Ter uns 50 ativos é muita coisa. Se uma ação dobrar de preço não vai fazer muita diferença no patrimônio. A chance de ganhar é pouca e de perder também. Claro que há exceções.
    É aquela frase: "Quem tem medo de perder perde a chance de ganhar".

    Mas cada um é cada um. Quem sabe do risco é a própria pessoa.

    Abraços!

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    1. Boa tarde Cowboy! Concordo! Ao meu ver pulverizar a carteira é praticamente definir que a melhor lucratividade que se possa obter será perto da média do setor. E isso sem considerar ações emocionais dos investidores que tendem a agir de forma mais "no sentimentos" que por fundamentos uma vez que acaba não estudando a fundo todos os ativos de RV que tem... Penso que quando compramos uma ação ou FII, estamos nos comprometendo a acompanhar a empresa, ler relatórios, fatos relevantes, etc. Podemos fazer isso via casa de análise ou diretamente. Agora imagina ter que fazer isso pra 50 ações? Se você não trabalhar com isso ou vai gastar tempo precioso no processo ou vai acompanhar de forma superficial. Eu pessoalmente acho 50 ativos de RV muito até para carteiras grandes de pessoas "amadoras", a não ser que tenha o apoio de uma casa de análise ou gestor profissional...
      Grande abraço!

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