sábado, 12 de junho de 2021

Primeiro Post de Investimentos - Resumo de 20 anos em 1 Post

Esse post vai ser um pouco longo, mas resume minha vida de investimentos até o atual momento (não tinha como ser curto não é?): 

"Senta que lá vem História"

Sempre fui uma pessoa controlada em relação aos gastos, desde adolescente. Acredito que muito dessa característica veio de observar meus pais, que apesar de nunca terem deixado faltar nada em casa (sempre havia comida, estudei em bons colégios privados e fiz curso de inglês), sempre estavam controlando gastos e muitas vezes tendo que escolher qual a conta teria seu pagamento atrasado em um mês. Hoje vejo que dado o negócio em que estavam inseridos (pequenos empresários) essa inconstância de recebimentos gerava essa situação de um mẽs sobrar dinheiro mas no outro poder faltar...


Lembro que eles tentavam me poupar dessa situação, geralmente fazendo essa contabilidade normalmente sozinhos, mas me lembro de algumas vezes ter presenciado as preocupações com as contas a pagar. Acredito que isso me gerou um "trauma" e que naquele momento tinha criado dentro de mim a vontade de "não ter que fazer contas pra viver". Conclui que o caminho para alcançar isso era o tão conhecido: 

1) Entrar em uma boa universidade;

2) Formar e conseguir um bom emprego;

3) Se consolidar em um bom emprego, comprar uma casa, carro e constituir uma família sempre mantendo reservas financeiras para emergências.

O plano estava traçado...

Com o passar do tempo me formei e tive a sorte/competência de entrar em uma universidade pública e começar a receber bolsas de iniciação científica e monitoria: Nunca tinha recebido tanto dinheiro! (Na época R$400/mês era muito dinheiro pra um estudante ainda bancado pelo pais) e o destino era certo: Caderneta de Poupança. Como a maioria dos brasileiros, na época era o destino de todo o dinheiro economizado. 

Após alguns anos, me formei, me mudei para meu primeiro apartamento alugado e consegui um trabalho que me pagava "salário de gente grande". Nunca havia ganhado tanto dinheiro e ainda trabalhava com carteira assinada em engenharia...Nesse momento a caderneta de poupança estava ficando gorda e já estava perto de alcançar o primeiro objetivo: Comprar meu próprio carro...

Peugeot 307 - Meu sonho de consumo na época...


Poucos meses depois o dinheiro já era suficiente para a compra do carro desejado, mas aí veio um pensamento que mudou tudo: comecei a pensar que aquele dinheiro foi tão difícil de ganhar e que, na verdade, não precisava do carro...Tinha boas formas de substitui-lo sem grandes custos (ainda não havia Uber na época, mas o sistema de metrô e ônibus na cidade em que morava era eficiente e me levaria para o trabalho todos os dias...o carro seria para o fim de semana). Neste momento começou o novo plano: juntar dinheiro para comprar uma casa/apartamento.

 

Novo objetivo: Casa / Apartamento próprio

 

Com os conselhos de alguns colegas de trabalho fui apresentado aos fundos de investimentos dos bancões. Estes colegas apontavam que a lucratividade era bem melhor que a poupança e que era uma ótima oportunidade... Entrei nessa sem saber o que estava fazendo...levei quase tudo que tinha para fundos que nem entendia direito o que faziam (copiei a carteira de fundos de um colega). Tudo pra dar errado não é? Mas não é que deu certo? Não tinha uma lucratividade bombástica mas bem melhor que a poupança (hoje sei que tinha um fundo do finado banco Real equivalente a uma fundo multimercado de hoje e um outro no BB que seria um fundo de ações). 

Com o tempo e novos aportes comecei a investir diretamente em renda fixa (RF)...CDBs estavam na moda! Comprei bastante RF com prêmios elevados (bendita época de alta SELIC) ainda sem saber completamente o que estava fazendo, mas já mais consciente - estava estudando o assunto e conversando bastante com os colegas "investidores".

Daí veio meu primeiro erro: Resolvi entrar na capitalização da Petrobras comprando ações que, de acordo com os colegas, eram "lucro certo". Quem tinha comprado ações com o FGTS anteriormente tinha multiplicado o valor investido por várias vezes! E havia a máxima que empresa de petróleo não tem erro, não é? Coloquei um bom valor na capitalização (ainda bem que não podia vender os CDBs). Liquidei os fundos BB e Real e entrei nessa por ganância e sem entender o mercado de ações e a empresa... Primeiro grande aprendizado: Não existe investimento de risco com "lucro certo"...Lembro que na época paguei cerca de R$24/ação. Um ano depois esta estava na faixa de R$4-10/ação.... Não as vendi na época e acabei só vendendo uns 5 anos depois por um preço de cerca de R$16-20/ação...Conclusão: Prejuízo e trauma de bolsa... (até uns 5 anos atrás chamava a Bolsa de Cassino...mais fácil culpar o sistema pelo erro que o usuário não é mesmo?)

Com este erro, comecei a estudar mais investimentos e focar bastante na RF. Tinha uma carteira que devia ter 90% em RF (CDB, LCI/LCA, Tesouro Direto e afins). O patrimônio foi aumentando e finalmente chegou o momento de comprar a casa/apartamento... apartamento na planta. Novamente não entendia bem como funcionava o apartamento na planta...só ouvia o que todos diziam de "preço abaixo do mercado", "pagamento parcelado" e "utilizar o FGTS e conseguir financiamento baixo". Naquele momento já tinha juntado cerca de 70% do valor total do apartamento e não precisaria financiar...

(Hoje me arrependo um pouco de ter comprado o apartamento...podia ter ficado mais tempo com o aluguel e investido o valor...teria sido mais interessante)

Não preciso falar que houve atrasos na entrega não é? E que a construtora fez todo tipo de sacanagem pra conseguir me cobrar juros do saldo devedor, além de entregar o apartamento cheio de pequenos problemas...Apesar de tudo, pelo menos entregou (hoje vejo que o maior risco era a construtora ter falido e não entregue o apartamento -  risco que corri sem perceber...). Neste momento tive meu segundo grande aprendizado: Não entre em um negócio se não entende totalmente ele.

Hoje valorizo muito na escolha de um apartamento o que antes achava frescura: fugir de apartamento na planta, sol da tarde, alvenaria estrutural e local barulhento. Tenho problemas com os três últimos até hoje (ainda moro nesse apartamento). Pelo menos o apartamento está montado, funcional e consigo remediar bem estes três grandes problemas (mas se você está procurando sua casa/apartamento, recomendo que não os subestime).

Como disse anteriormente nunca fui de grandes gastos e com isso meus aportes sempre foram elevados em relação ao ssalário recebido. Com isso o patrimônio se recuperou do saque para a compra do apartamento e tive sorte de me casar com uma pessoa que compartilha também estes valores. Meu último grande "momento mudança de vida" foi quando conheci o movimento FIRE e o movimento minimalista (os dois vieram juntos) há uns 5 anos atrás. Sem querer acabei caindo em um vídeo do TED do MMM (Mr. Money Mustache). Aquele video abriu minha cabeça e me fez querer conhecer mais sobre FIRE e Minimalismo. Li centenas de blogs e vi centenas de vídeos no Youtube sobre o tema, sempre na Gringa... 

 

        Eu descobrindo Minimalismo e Movimento FIRE

 Comecei a adotar mais dicas minimalistas na vida pessoal (redução de número de roupas e padronização, minimizar desperdícios, focar no que me faz feliz, etc) e me esforçar em juntar um patrimônio suficiente para me aposentar antecipadamente (neste momento já tinha na cabeça que o INSS/ Previdência Privada da empresa onde trabalho não conseguiriam bancar minha aposentadoria). Interessante que quando tentei discutir estes temas com os colegas de trabalho ninguém se mostrou muito interessado, sendo inclusive rotulado um pouco de "financista" por deixar de participar dos almoços de sexta-feira nos restaurantes caros perto do trabalho e também de evitar tomar refrigerante junto às refeições. Confesso que fiquei um pouco decepcionado por não encontrar ninguém com os mesmos objetivos...

Infelizmente o caminho para a independência financeira e minimalismo me parecia um movimento sem muito adeptos no Brasil. Passei ainda algum tempo com esse pensamento até por sorte esbarrar nos blogs Viagem Lenta e do Sr. IF365 (depois podcast e agora Youtube). Nesse momento vi que não estava sozinho e vi nas estórias destes muitas coisas em comum com a minha caminhada...Vi que não estava sozinho e deste tempo em diante conheci diversos outros blogs com estórias interessantes e vivências que, apesar de diferentes da minha, me apresentavam informações muito úteis para o meu planejamento.

Fui evoluindo...conhecendo melhor investimentos...diversificando...novamente entrei na bolsa e hoje estou com uma carteira balanceada entre títulos de renda fixa, fundos, ETFs Internacionais e Ações... A cada dia estou mais próximo do FIRE e apesar de ainda estar pelos meus cálculos distante de uma década do objetivo, ano a ano venho conseguindo superar minhas metas...

Para os curiosos, abaixo segue minha carteira consolidada de Maio/21 em % e a evolução da carteira desde julho/20 (antes disso fazia um controle descentralizado e não tenho os dados bem definidos)...Bem diversificada para uma pessoa que começou com Caderneta de Poupança não é?


 

Composição da minha atual carteira - Maio/21


 

Evolução da Carteira desde julho/20

 

O foco deste post não é focar em detalhes da carteira, mas com certeza o farei em outros posts... Como muitos na Finansfera opto por manter anônimo o valor total da carteira por motivos de segurança...

Com certeza esqueci de diversas informações interessantes ou optei por não colocar pois o post ficaria muito grande...terei tempo pra contar mais estórias sobre a minha vida no futuro. Meu objetivo é postar sempre um acompanhamento da carteira assim que fechar meu controle mensal (geralmente no início do mês) e apresentar as principais mudanças de foco e estratégias que eu optar por seguir...

Grande abraço e bom fim de semana!

VVI


2 comentários:

  1. Oi VVI, a gente sempre comete os mesmos erros...Qua falta faz uma educação financeira no país, senti muita falta de alguém para orientar, ajudar. Minha mãe era dona de casa, sem experiência nenhuma, sem dinheiro, começar aprendendo tudo do zero sozinho é muito difícil, muito mais difícil do que esse pessoal aí do MF que já tem pai/mãe que são do mercado e dão todas as dicas e ensinamentos. Mas o importante é que a gente aprende todo dia um pouquinho, e dividir essa experiências no blog acho que facilita demais pra todo mundo.
    Abraços

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    1. Boa tarde Cansada! Concordo 100%! Muitos erros no nosso caminho da independência financeira podiam ter sido evitados se tivéssemos alguma orientação mais ativa... Não posso reclamar muito pois em casa meu pai é formado em matemática e tem empresa, assim sempre tive um local seguro pra tirar dúvidas (não é a toa que virei engenheiro). Mas na geração dos meus pais investimentos eram restritos a poupança e título de capitalização...Assim tive andar sozinho pelo caminho dos investimentos (me apoiando nos colegas de trabalho que pareciam saber mais). O que me deixa um pouco receoso é que não sinto uma ligação direta em relação ao tanto que estudo e a melhora da minha carteira...A diversificação trouxe maior conhecimento e entendimento das proporções e objetivos futuros, mas não trouxe aumento de rentabilidade. Muitos dizem que a renda variavel é um excelente negócio para longo prazo...O problema é que só vou realmente descobrir se isso é verdade pra mim daqui hat uns 8 anos (já Invisto diretamente em RV há 2 anos). As vezes acho que talvez uma carteira puramente de RF baseada em ativos ligadas a inflação (IPCA+Juros) possa ser de menos risco e maior rentabilidade...Mas ainda não tenho condições de concluir sobre isso...
      Um grande abraço!

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