sexta-feira, 7 de abril de 2023

O Melhor (ou Pior) Investimento das Nossas Vidas - A Escolha do Cônjuge

 


Bom dia Finansfera!


Havia muito tempo que não conseguia um tempinho para escrever um post sem ser ligado ao fechamento da minha carteira...Pós nascimento da VVI Baby cada minuto é precioso e acaba faltando tempo para escrever textos originais e mais complexos...todo o tempo livre é gasto com questões mais prioritárias ligado à casa ou a VVI baby que acabam acumulando dentro da semana.

 Já há algum tempo queria dividir com vocês um pensamento que tive sobre o efeito do cônjuge no caminho FIRE e como essa escolha que normalmente fazemos naturalmente e sem qualquer ligação com nosso planejamento financeiro pode afetar absurdamente positivamente ou negativa o nosso plano a ponto inclusive de inviabilizá-lo.



Não é raro vermos na Blogosfera colegas apontando que é mais fácil alcançar o tão desejado objetivo FIRE se formos solteiros e sem filhos: Sobre o sem filhos não tenho dúvidas, dado conhecimento prático, que é verdade (hoje a VVI baby é sem sombra de dúvida meu maior gasto e tende a aumentar quando vir escolinha - isso não significa que eu não receba de volta o valor investido de forma diferente - através de carinho e sorrisos) mas questiono a informação de que é mais fácil atingir o FIRE sendo solteiro. Pra mim a resposta é "depende"...

A escolha do cônjuge é de alta importância para o seu planejamento financeiro e caminho FIRE, uma vez que a forma como o cônjuge vai contribuir para o caminho vai alterá-lo muito mais que qualquer investimento que você fizer (talvez não do que ter investido em Bitcoin em 2010 e mantido até hoje, mas vocês entenderam o ponto né? rsrs). Temos duas possibilidades macro nessa escolha:

1) Seu cônjuge se junta você te apoiando emocionalmente e/ou financeiramente no caminho, tornando-o não mais um caminho solitário, mas sim um caminho de equipe: Nesse caso meus colegas, você ligou o NOS no seu caminho para o investimento! (piada ruim ligada a "Velozes e Furiosos"). Ter uma pessoa ao seu lado que também contribui para a fase de acúmulo aumenta muito a velocidade do aumento de patrimônio e também reduz os custos equivalentes do casal: O gasto de um casal é bem menor que o gasto de 2 pessoas solteiras - Explico: Ao invés de dois aluguéis, paga-se apenas 1. Ao invés de pagar duas contas de água, luz, gás, entre outros, terá que pagar apenas uma de cada. E por aí vai... Duas rendas com gastos menores significa mais dinheiro poupado e com isso mais investimentos e patrimônio! Matemática básica! Além disso tem o efeito emocional onde, quando um dos dois está emocionalmente mal, o outro apoia e mantém ambos no caminho correto!

2) Seu cônjuge se junta a você se aproveitando da sua condição e opta por apenas se apoiar em você (não necessariamente por querer...as vezes acontece sem que o próprio cônjuge perceba) - Nesse caso sua renda continua praticamente a mesma e terá que carregar os gastos com o cônjuge...e o pior...com o tempo seu cônjuge mesmo que trabalhe vai aos poucos ficando confortável com sua condição e tende a querer parar de trabalhar e viver com sua renda...e aí meus amigos que está o perigo: É muito importante que o cônjuge trabalhe para que veja o valor do dinheiro...quem não trabalha e não sofre para ganhar aquele dinheiro todo mês não valoriza o dinheiro e tende a gastar o "dinheiro do cônjuge" de forma supérflua e rápida, buscando apenas prazeres de curto-prazo. Esse é um caminho para o suicídio do plano FIRE ou para um relacionamento cheio de brigas e conflitos.




Eu dei sorte grande nessa escolha (apesar de na época que a fiz não tinha a menor idéia da importância dessa escolha para meu futuro financeiro). A Sra VVI é bastante consciente do valor do dinheiro: trabalha e tem rendimentos da mesma ordem de grandeza que os meus e também compartilha da minha vontade de atingir a independência financeira! Sempre que estou desanimado com algo ela me apoia e me coloca de novo nos trilhos...É realmente uma sócia nesse caminho e tem facilitado muito o caminho.

Apesar disso tenho um amigo em especial que não deu tanta sorte...Trabalha na mesma empresa que eu mas se casou com uma pessoa que é muito divertida e legal, mas que nunca valorizou muito dinheiro. Meu colega tinha uma visão parecida comigo...de economizar para facilitar o futuro  e tal...investia e acumulava patrimônio...mas aos pontos teve que mudar. Após o casamento, depois de pouco tempo, vendo a disparidade de salários entre ela e ele concluiu que não valia a pena ela continuar a trabalhar 8h/dia pra ganhar 1-2 salários mínimos uma vez que esse valor não era representativo para a renda familiar...Assim parou de trabalhar e focou apenas em cuidar da casa e fazer atividades externas (entenda pilates, manicure, academia, etc). Depois de um tempo começou a mexer com decoração e para desespero do meu colega começou a comprar peças de arte caras pois "precisava decorar a casa de forma fina": "O que nossos amigos vão pensar vendo uma casa com itens genéricos?" dizia ela quando ele a questionava da necessidade de tudo aquilo. Depois de algum tempo nasceu a filha dele e aí a esposa jogou seu consumismo todo pra cima dela..."Ela tem que estudar na melhor escola da cidade"..." Tem que fazer aula de yoga, ballet, etc"..." Temos que comprar cota do clube mais chique da cidade"...etc. E o salário do meu amigo, mesmo bom, começou a ficar pequeno para tantos gastos... Nisso ele reclamava pra mim da situação, mas não via como resolver, uma vez que a esposa não respondia bem quando ele tentava segurar um pouco os gastos... Moral da estória: Ele desistiu de investir e poupar, sendo seu objetivo principal apenas não entrar em dívidas...vive de contracheque em contracheque...e o pior...vivendo nessa vida a filha começou a adotar comportamento parecido com a mãe...agora ele tem que suportar financeiramente duas pessoas que não vêem que o dinheiro recebido pelo trabalho dele teve um preço considerável para ele (tempo, stress, saúde, etc) e se preocupa em ter que manter a filha no futuro uma vez que ela não vai bem na escola e não tem "gana" de criar seu próprio patrimônio a partir de trabalho...




Assim, para vocês leitores solteiros(as) que me lêem, vos digo: Escolham bem seus cônjuges. Não deixem de conhecê-los e o que pensam sobre gerenciamento financeiro antes de se comprometer emocionalmente e acabar juntando seu futuro ao dela(e). É uma coisa muito importante e que não vejo muitas pessoas levantando essa bandeira por aí...Dei sorte, mas poderia ter dado azar e hoje estar trilhando o mesmo caminho do meu amigo que hoje está frustrado, se sentindo um burro de carga e projetando na esposa a decepção pelo caminho que tomou...

E vocês colegas? O que pensam sobre isso? Deram sorte ou azar? Consideram isso na escolha do cônjuge ou nunca tinham pensado nisso?


Grande abraço!


VVI

15 comentários:

  1. VVI,

    Não estou em um relacionamento, mas posso dizer que concordo 100% com a sua filosofia.

    Eu me lembro de um colega de classe da escola, era um cara do bem e hoje tem um bom emprego, sempre foi um cara controlado e sem grandes ostentações, entretanto depois que se envolveu com a hoje mulher dele está totalmente endividado para conseguir bancar a relação, inclusive já fiquei sabendo que tem algumas contas penduradas lá na cidadezinha que eu vivia.

    Tenho alguns amigos próximos que tiveram sorte e encontraram esposas que estão com eles na jornada da vida.

    O que importa em um relacionamento não é a beleza da pessoa, seu QI ou sua riqueza e sim se essa pessoa está com você nos momentos ruins da vida. Quando tá tudo bem é fácil ser feliz em um casamento, é quando os problemas surgem (e eles sempre surgem) que você descobre se tem realmente uma parceira(o).

    Eu vejo que a maioria dos casamentos acaba terminando por conta desses momentos complicados.

    Abraços,
    Pi

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    1. Boa noite PI! Concordo! O triste é ver que muitas vezes as pessoas só realmente se conhecem depois de algum tempo de casados...As vezes descobrem inclusive que alguns aspectos entre eles são incompatíveis...Por isso é importante conhecer bem a pessoa e saber se ela está alinhada com seu plano de vida. Grande abraço!

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  2. A escolha de uma boa esposa fica em um nível acima até da escolha da profissão e dos investimentos. Eu infelizmente não achei alguém minimamente aceitável para compartilhar a vida (e as que eu achei que poderiam ter chance não me consideravam aceitável, enfim é a vida) e como eu não quero encosto algum, sigo meu caminho.
    São poucas as coisas que podem destruir a vida de um homem mais do que uma escolha errada nessa área.
    Vi muitos parentes e colegas de trabalho caindo nessa de assumir toda a responsabilidade pela relação sozinho, querendo ser o herói, e terminando quebrados, tanto financeiramente, quanto emocionalmente.
    Abraços.

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    1. Boa noite Mendigo! Verdade...muitos pensam que conseguem sustentar o relacionamento sozinhos e caminham pro precipício... Grande abraço!

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  3. Sou eu o Anon acima...não sei pq o Google me deslogou....

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  4. Que filme de terror a história do seu colega!

    Concordo 100% com suas ideias. Acho esse critério (lidar com o dinheiro) um dos mais importantes, dado o potencial de danos que tem.

    Particularmente, quando entro num relacionamento (estou solteiro) eu não me interesso por mulheres que não trabalham ou que não buscam um trabalho, uma ocupação. Respeito quem pensa diferente, mas não vejo sentido nos tempos atuais a mulher não ser independente, ter uma profissão, etc., assim como o homem. Talvez seja demais exigir que a pessoa almeje atingir a IF, mas observar se ela gasta menos do que ganha é um bom começo.

    Assim, ao invés de ser um peso na busca pela IF (duas pessoas vivendo com a renda de 1), passar a ser um aliado, como vc colocou.

    Abraços!

    https://ficandotranquilo.wordpress.com/

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    1. Boa noite FT! São aprendizados que acabamos aprendendo apenas com o tempo e experiência. Também sempre valorizei o fato da Sra VVI trabalhar e também passar pelas mesmas dúvidas existências que eu...Reclamar só trabalho em dupla é mais divertido...kkkk. Grande abraço!

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  5. Excelente reflexão, VVI. Eu até o momento acredito que minha namorada será uma grande aliada no caminho rumo à IF no Plano Canadá. Quem, inclusive, veio com a ideia do Plano Canadá foi ela, eu simplesmente nem sabia da possibilidade disso. Nós não moramos juntos, mas eu vejo que ela é uma pessoa extremamente comedida, não tem dívida alguma e não é de ficar gastando atoa. Já falei com ela sobre minha intenção de atingir a IF o mais cedo possível, ela fica muito interessada no assunto mas eu ainda acho que, no fundo, ela não acha que seja realmente possível isso. Espero conseguir mostrar pra ela que é mais que possível.

    Abraço.
    https://engenheirotardio.blogspot.com/

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    1. Boa noite ET! Legal que você pensa nisso e sua namorada está alinhada com seus objetivos! Isso é ótimo e só tende a ajudar no caminho FIRE. Eu pessoalmente acho que o cônjuge não precisa seguir nossa ideia de IF ou também ver vantagem no FIRE...Acredito que o importante é que o cônjuge respeite é apoie nossos planos e não sejam um risco pra ele...Naturalmente é possível adaptar nosso plano de forma a atender também as necessidades e desejos da pessoa que estão ao nosso lado. Grande abraço!

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  6. É... vvi... complicado.

    Acho q estou no meio do caminho na relação financeira conjugal: minha mulher tem muita resistência a evoluir financeiramente. Não é gastadeira, é simples, não torra meu dinheiro. Mas tem muita dificuldade em fazer pé de meia...

    Eu ja meio que passei pelo o que ela faz, junta um pouquinho e vem algo que me fazia gastar tudo, escrevi isso no meu blog, "https://netofinancistadovelhobarreiro.blogspot.com/2022/06/sindrome-do-all-in-destrutivo-as-vezes.html"

    Os gastos não são descontrolados, mas ela não consegue uma boa taxa de poupança...

    E eu fico frustrado por não conseguir "ensiná-la". Ela vive me agradecendo por ter apresentado ela aos títulos públicos, fundos imobiliários... mas deu uma estagnada.

    Bem, aproveitei pra desabafar um pouco aqui, rs

    Bora lá!

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    1. Opa, boa noite Neto! Cara, nem todo cônjuge vai dividir nossos objetivos e ajudar a acelerar o processo, mas se não atrapalhar já é bom. Ter alguém controlado ao seu lado já é muito bom! A Sra VVI tem um bom salário e é controlada, mas odeia estudar investimentos...também já tentei ensinar pra ele pegar gosto mas não adianta muito...no fim ela pede pra eu investir pra ela...Aí não tem jeito, como estou mexendo com dinheiro dela invisto 100% em RF de forma segura... Grande abraço!

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  7. Tendo a concordar também. Achando a "pessoa certa" pode impulsionar a conquista da independência financeira em conjunto, mas o ponto é ACHAR essa pessoa hahaha. Em um país com muitas pessoas endividadas e baixíssima educação financeira, as chances estão contra você. Na duvida, fique solteiro, divorcio é caro hahaha.

    abs,
    chavao.

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    1. Boa noite Chavão! Hoje em dia deve ser difícil achar mesmo, mas pela minha experiência quanto menos você procurar mais chance de achar tem...rsrs. Tem pessoas boas por aí...é questão de estar aberto a encontrar. Grande abraço!

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  8. Excelente post, cara!!
    Resumiu tudo aqui: "pode afetar absurdamente positivamente ou negativa". O cônjuge ou te ajuda a crescer ou a te derrubar.
    Sinto pelo teu colega. Situação praticamente irreversível a dele.
    Mas que ótimo que você tem uma esposa consciente e posso falar o mesmo da minha também, graças a Deus!
    Abração!

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    1. Boa noite ZB! Pois é cara, não adianta pensar em investir bem e economizar se o cônjuge não estiver no mesmo time. Fico feliz que a sua esposa também está alinhada com você! Grande abraço!

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