quarta-feira, 14 de julho de 2021

Como você leva seus recursos financeiros para a viagem internacional?

 Bom dia Viajantes!


Este tema é um tema já antigo e exaustivamente discutido em blogs de viagens e vídeos no Youtube. As opções são diversas e nenhuma perfeita para todos os tipos e locais de viagem o que mantém essa discussão sempre viva e a cada viagem que fazemos temos que nos perguntar...como levarei o dinheiro para essa viagem?

Desde as primeiras viagens internacionais, ficava com muita inveja dos turistas europeus e americanos que tinham cartões de débito/crédito que cobram baixíssimos custos para saque na moeda local, o que fazia os mesmos ficarem assustados quando tinha que explicar que o spread de câmbio no meu banco e o imposto IOF eram tão elevados (chegando a gerar perdas de 10 % no valor total da compra) se eu realizasse uma compra utilizando meu cartão de crédito ou usasse a função débito para o saque de dinheiro local... 

 

Muitas opções de perder um pouco do seu dinheiro...rsrs

 

Por muitas vezes estudei a melhor forma de otimizar esse método e sempre fracassei em encontrar o método definitivo para mim...

Já estive pronto para abrir uma conta nos EUA para conseguir ter acesso aos mesmos benefícios que os americanos, mas a empolgação durou pouco tempo até ver que para uma conta de uso esporádico, acabaria pagando mais com manutenção de conta ou outras taxas que com o spread e IOF do cartão...

Já utilizei os cartões pré-pagos de moeda e acabei pagando também mais no valor da moeda para carregar e descarregar o cartão, além de ter que me preocupar em não deixá-lo com menos que um determinado valor que iniciaria a cobrança de mensalidade por inatividade...

Já corri riscos em levar moeda forte em espécie e encarei as burocracias de se viajar com dinheiro vivo, além de perder tempo tendo que procurar casas de câmbio e correr riscos de trocar dinheiro em locais que não aparentavam muita seriedade (por falta de lugar confiável próximo)...

Já usei o cartão de débito do banco para grandes saques com a promessa de pagamento  do valor do dólar do dia para depois descobrir que se o caixa eletrônico não tiver a função débito (mesmo que diga no processo de saque que é débito) o dinheiro é sacado do cartão de crédito tendo IOF elevado e risco de câmbio..

Já tentei de tudo que eu poderia acessar legalmente (existia a possibilidade de abertura de contas em bancos europeus que me daria acesso a contas sem mensalidade e com cambio com spread e débito barato, mas precisaria de um comprovante de residência na Europa e não faço coisas erradas mesmo que pudesse pedir "uma ajuda pra um conhecido que mora fora").

 


 Dúvida cruel - tantas opções, nenhuma 100% boa...

Concluindo, não tenho um método 100% fixo para como carregar os valores nas minhas viagens... Você deve estar querendo me enforcar por ter perdido seu tempo lendo esse relato até aqui, não é? 10 minutos de leitura pra nenhuma conclusão...rsrs. Mas o post ainda não acabou...rsrs...Segue o que faço:

Normalmente após decidirmos pra onde vamos e comprarmos a passagem, fazemos a programação dos destinos internos que iremos viajar e a logística, montando uma programação detalhada da viagem (contendo quantos dias em cada cidade, como ir da cidade A para B, etc). Após a montagem dessa programação avalio os custos previstos para viagem através de gastos típicos nossos de outras viagens, leituras de blogs de viagens de pessoas que visitaram recentemente a região, gastos fixos dos passeios mais caros e custos das hospedagens. Com esse valor total previsto de gastos da viagem, avalio o risco do país de assaltos e verifico em quantos destinos obrigatoriamente terei que me separar do meu dinheiro (Exemplo: Se o destino é praia, não tem como ir nadar com o dinheiro na sunga - até daria com essas caixinhas a prova de água, mas tenho medo tb de entrar água ou perder).

Se o país ou roteiro que iremos fazer não tem histórico de assaltos (roubos não são problema, o que foco é assalto) opto por levar todo o dinheiro em dólares em espécie tendo o cartão de crédito/débito desbloqueado para uso internacional com limite elevado para permitir salvar a viagem em caso de perda de todo o dinheiro. O dinheiro em espécie fica dividido comigo e minha esposa em doleiras presas ao nosso corpo o tempo todo (até dormimos com elas). Se o destino tem passeios onde não podemos ficar com o dinheiro junto ao corpo (exemplo: praias), optamos por ficar naqueles destinos em hotéis/hosteis/airbnb um pouco mais confiáveis (maior infraestrutura e notas elevadas no Booking.com) com cofre no quarto e quando saímos pro passeio/praia dividimos o dinheiro em várias partes deixando uma dentro do cofre (com o valor contado para sabermos se tiraram algo na nossa ausência) e escondemos o resto nas mochilas (que tem cadeado) em locais onde as pessoas que roubam hotéis normalmente não procuram (minha esposa é especialista em esconder dinheiro...fico bobo de ver a criatividade dela).

Digo que seguimos essa estratégia (carregar dinheiro em espécie) em 90% das nossas viagens...é incrível como apenas em poucos países do mundo existe esse risco elevado de assalto que temos aqui na América do Sul...existem muitos golpes e ladrões de carteira no resto do mundo, mas crimes com violência e uso de arma são muito raros, inclusive em países pobres como no sudeste asiático... 

Eu declaro e uso doleira...rsrs


Acabo seguindo essa estratégia pois acredito que os custos são bem menores comprando dólares em espécie e trocando em casas de câmbio nas localidades que as alternativas que teria (cartões,etc). Além disso, trabalhei um tempo fora do país e quando voltei trouxe um boa reserva em dólares que considerei como "reserva de viagem". Como sabíamos que iríamos viajar ainda pra fora por muito tempo, usamos esse dinheiro para nos blindar das variações cambiais que poderiam ocorrer, no futuro o que foi uma estratégia acertadíssima (quando trouxe o dinheiro o câmbio era por volta de R$2,70-R$3) - Essa reserva financiou nossas viagens de 2014 até atualmente (última viagem início de 2020 antes da explosão do COVID - dólar estava caro mas só fomos afetados pelo câmbio no preço das passagens e compras internacionais que precisamos fazer antes da viagem - alguns tickets e pacotes que não aceitavam pagamento a vista no dia do passeio).

Essa estratégia até o momento foi acertada para nós (também com uma pitada de sorte)...nunca tivemos qualquer problema de perda de dinheiro, roubo ou assalto nos nossos dez anos de viagem. Isso não significa que não tivemos situações tensas ou engraçadas relacionadas ao fato de carregar "muito" dinheiro vivo. Seguem algumas estórias engraçadas geradas por esse tipo de estratégia:

 

1 - Aventuras na Receita Federal


Devo ser cliente diamante da Receita Federal...rsrs


Como sou uma pessoa muito certinha com regras e leis e como pela lei brasileira se você sai ou entra do país com mais de R$10000 tem que declarar para a Receita Federal (esse valor é muito baixo em dólares, o que nos faz declarar em praticamente todas as viagens...). Assim, sempre que vou sair do país tenho que ir na Receita para mostrar os valores e quando volto pro país tenho que ir mostrar o restante (as vezes volto com menos de R$10000, o que pela regra me eximiria de ter que declarar, mas gosto de fazer mesmo assim para ter um controle de saída e entrada para facilitar na declaração da próxima viagem). Confesso que sempre que vou na Receita tenho medo das "quadrilhas de aeroporto" pois acabo me identificando, especialmente na chegada ao Brasil, que estou com dinheiro naquele momento...mas é a lei...fazer o quê...já troquei de camisa algumas vezes depois de sair da Receita e antes de sair no desembarque para evitar uma informação de "o cara com camisa da seleção brasileira que sair está com dinheiro". Sempre sou tratado pelo pessoal da Receita como um Alien. Sempre sou o único a ir declarar (a não ser quando na chegada a Receita está pegando alguns para averiguação obrigatória, mas com certeza sempre fui o único espontâneo). Uma vez quando entrei na fila para declarar na chegada de um vôo tomei um esporro do cara da Receita que eu estava na fila errada, não estava prestando atenção e que deveria ir pra outra fila...quando expliquei que tinha que declarar valores o cara ficou assustado, pediu desculpas e me levou pro fiscal...rsrs...Pra vocês verem como quase ninguém realmente declara...

Outra vez na chegada um fiscal ficou tentando me convencer a não declarar os valores por que o sistema da Receita estava sem internet e que ele teria que fazer o processo todo a mão, o que demoraria um tempo... Quando eu insisti  em fazer ele fez uma cara feia e começou a fazer a mão...mas no meio do processo parece que o sistema voltou e ele teminou pelo sistema mesmo...

Já passei aperto também por ter vôo de conexão (temos que fazer a declaração na primeira chegada ao Brasil, não no seu destino final) próximo da chegada do meu võo e as malas e a declaração na receita terem demorado muito...quase perdemos a conexão mas conseguimos chegar no último minuto no portão de embarque da conexão (imaginem o desespero para voltar pra casa depois de várias viagens de conexão e a vontade de descansar em casa quado vemos a possibilidade de perde uma conexão e termos que pegar o próximo vôo várias horas depois ou até no outro dia...).

2 - Visita à Câmara e Senado Americanos 

 

Prédio do Congresso Americano - Onde estão a Câmara do Deputados e Senado
 

Estávamos viajando pelos EUA e estávamos em Washington DC naquele dia. Íamos visitar o congresso americano e nos meses do planejamento da viagem tínhamos lido que era possível estrangeiros conseguirem um passe para assistir audiências no senado e câmara dos deputados se solicitassem com antecedência (aparentemente precisava pedir com muito tempo de antecedência por ser concorrido). Como  vimos que era necessário pedir com muito tempo de antecedência, nem nos importamos e focamos em visitar apenas o "tour normal" pelo prédio. Chegando no Congresso, conversando com o pessoal da visita guiada eles nos falaram que tinham sobrando alguns passes para acessar a câmara e o senado e que se quiséssemos podiam nos dar os passes, o que aceitamos na hora...que oportunidade ver ao vivo senadores e deputados americanos trabalhando não é? Fomos rapidamente após a visita guiada conferir o trabalho da câmara e senado e quando viramos em um corredor para visitar o senado, vimos que tinha um scanner corporal na segurança (pra quem não conhece é como um raio X, mas que verifica internamente no nosso corpo se tem drogas e explosivos, além de identificar se você tem algo junto ao corpo). Nesse momento na fila, retirei minha doleira e coloquei dentro da mochila que passaria pelo raio X, enquanto eu passaria pelo scanner corporal. Nesse momento um segurança do capitólio viu o meu movimento e veio me perguntar o que eu havia retirado do corpo e colocado na mochila...Expliquei que era o nosso dinheiro de viagem e ele pediu pra ver...quando abri a doleira ele tomou um susto..era muito dinheiro (pra contextualizar -  nessa viagem tinha aproveitado a visita nos EUA pra trocar uns travelers checks antigos que tinha e que não conseguia trocar em lugar nenhum - tinha intuito nessa viagem de pegar o dinheiro e abrir uma conta nos EUA e depositar o valor, mas só quando chegasse em Orlando onde abriria conta no BBA. Para piorar, minha esposa estava com dores no abdômen nesse dia e pediu pra  eu carregar o dinheiro inteiro comigo na minha doleira). Nesse momento o segurança pegou o rádio e chamou alguém, me pedindo pra sair da fila e aguardar (nesse momento já estava tenso pensando que daria algum problema com o dinheiro - detalhe: eu declarei na entrada dos EUA os traveler checks e estava tudo legal). 5 minutos depois, veio um cara de terno, careca, óculos escuros, jeito de ex militar, ponto eletrônico no ouvido e bandeira americana na lapela, igualzinho aquele esteriótipo de serviço secreto americano em filmes...tomei um susto...

 

O cara era muito parecido com os 2 da foto acima (será que ser careca é regra?)

 

O cara chegou e sem falar comigo perguntou pro segurança "Qual era o status da situação"...Nesse momento já estava tenso...O segurança explicou que eu estava entrando no senado com grande quantidade de dinheiro em espécie...O cara misterioso olhou para o dinheiro e disse pro segurança que "dinheiro não era problema pra ele" e foi embora...Nesse momento até a aparência do segurança mudou e ele ficou simpático. Me colocou de volta na fila e me pediu para "não jogar moedas nos congressistas" (aparentemente muitos americanos vão assistir e ficam jogando moedas nos congressistas e senadores que ficam embaixo...rsrs...). Pra entrar na câmara já deixei o dinheiro na mochila...rsrs...Hoje é engraçado, mas na hora achei que ia acabar tendo problemas com o governo americano...rsrs

3 - Declarando grande entrada de dólares no México e Retorno ao Brasil

Na mesma viagem pros EUA eu e a esposa tínhamos decidido passar os últimos dias da viagem em Cancun, para relaxar um pouco antes da volta ao Brasil. Não me preocupei muito com dinheiro pois só é necessário declarar valores no México se entrar com mais de USD10000 e não esperava ter mais que esse valor no fim da viagem. O problema é que o plano de abrir a conta no BBA não funcionou e tive que levar o dinheiro trocado dos traveler checks para o México, país conhecido por ser tão corrupto quanto o Brasil...Fiquei com medo da situação e ser assaltado quando saísse do aeroporto (a sorte é que nosso vôo não era direto, tinha conexão na Cidade do México - ou seja, ia declarar o dinheiro na Cidade do México mas só sair do aeroporto em Cancun - isso dificultaria o trablalho de uma quadrilha). No final declarei o valor no México e fui super bem tratado...Deu tudo certo na viagem por Cancun e fiquei tenso novamente na declaração de retorno ao Brasil...Pela regra brasileira você não declara traveler checks (até tentei na saída mas o fiscal se negou dizendo que não precisava), então na saída declarei só o dinheiro com qual saí...no retorno voltei com mais que o dobro que tinha saído. A sorte é que como faço tudo certinho tinha toda a documentação de compra dos traveler checks, os documentos de saque nos EUA, etc...A declaração foi tranquila...mas confesso que fiquei com medo de assalto na saída e fiz aquela jogada de ir pra declaração com a camisa da seleção brasileira e troquei por uma camisa preta após da declaração e antes de sair pro desembarque só por "segurança". No final deu tudo certo...rsrs


Acredito que no futuro com esse processo de globalização seguindo acelerado teremos logo facilidades para abertura de contas fora do pais que nos permitam viajar por aí evitando grandes custos de spread de cambio e taxas...Mas enquanto isso temos que ir adequando nosso método à nossa necessidade e aversão a riscos... O que importa é continuar a viajar...

 

E você, qual método segue para suas viagens internacionais?

Grande abraço!


VVI




6 comentários:

  1. Olá, VVI.

    Parabéns pelo excelente post.

    Abraços!

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  2. Caramba VVI, cada história hein? Parece que vc tem muita experiência em viagens no exterior. Eu só fiz duas e agora com esse dólar/euro nas nuvens, nem sei se vai ter outras, rsrsrs
    Essa questão do dinheiro é um problemas mesmo, tem que ser bem estudado. Nas vezes que viajei usamos dinheiro papel também, mas dá medinho, ficamos tensos, nunca se sabe o que pode acontecer não é? Não tem solução fácil.
    E vc declara tudo mesmo, que interessante, essa parte preciso saber mais, não sei de nada disso de declarar valores e tudo mais. Parabéns pelo blog.
    Abraços

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    1. Que bom que gostou das estórias Cansada! Sim, com 10 anos de viagens acumulamos muitas estórias diferentes! Viajar é um objetivo de vida pra minja esposa e eu... Fique tranquila que o dólar tende a ser cíclico, daqui a pouco a relação dólar/real volta a ser aceitável(espero..rsrs)...Sim, declaro tudo direitinho, apesar de muitas vezes acabar tendo dor de cabeça por isso... Infelizmente o Brasil é um país que tenta sempre te obrigar a fazer o errado e se você quer fazer o certo acaba perdendo tempo ou se estressando...Mas é a vida. Espero que essa pandemia acabe logo pra voltar logo a viajar! Um grande abraço!

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  3. Caramba, ta aí uma coragem que não tenho, levar grandes quantidades comigo. Acho o risco de perde muito grande, não por assalto mas por desorganização minha. O máximo que levei comigo em viagens foi uns R$ 3.000, mas foram viagens pequenas também.
    Agora que estou viajando direto não vejo essa forma como válida para levar dinheiro, como não tenho retorno certo fico na mão das contas internacionais mesmo pagando taxas, mesmo ela sendo altas nominalmente, qnd se faz uma relação com o que está pagando é algo baixo, não ligo muito de pagar taxas se de fato o banco oferecer o saque do dinheiro sem problemas.

    Um cartão que estou de olho pra fazer é o N26. Ainda não tem para residentes do Brasil e tb não sou de pedir favores, então ficamos na espera rs.

    Boas estórias sobre a RF hahha!

    Abçs

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    1. Boa tarde TR! Pois é cara, o risco sempre houve mas acabei arriscando e por sorte deu tudo certo. Viajando no Brasil com certeza não teria coragem de ter muito dinheiro comigo, mas lá fora em geral compensa financeiramente (nem tanto pro psicólogo...rsrs). Acho que é questão de tempo a entrada de contas correntes em USD/EUR sem custo no Brasil... Aí sim podemos ter alguma grande vantagem! Que bom que gostou das estórias! Tenho várias outras também que contarei com o passar do tempo no blog... Estou acompanhando a sua viagem pelo seu blog tb...que venham ótimas estórias! Grande abraço!

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